sexta-feira, 7 de setembro de 2012

FICAMOS VELHOS!


30 ANOS DE RIVER RAID!

BRIEFING

         As forças inimigas estão estacionadas às margens de um rio, e para sustentarem sua linha de frente, construíram diversas pontes, a fim de que as comunicações e suprimentos entre suas unidades não sejam interrompidos Alvo primário: Destruir todas as pontes existentes ao longo de sua rota, dificultando ao máximo a situação das tropas inimigas. Navios, helicópteros e aviões que protegem as pontes são um perigo constante. Tanques de gasolina espalhados pelo caminho constituem seu alvo secundário, Em caso de necessidade, use-os, caso contrário, destrua-os. Não deixe nada que possa ser utilizado pelo inimigo.
 Estes gráficos já foram os mais fantásticos já produzidos para um shmup!

         Um dos maiores clássicos do ATARI 2600, River Raid foi produzido pela Activision Inc. em 1982 e teve como desenvolvedora-responsável a recém-contratada Carol Shaw, uma das únicas mulheres na área de games naquela época.


Bem-vindo ao próximo nível!

         Carol inicialmente imaginou River Raid como um jogo espacial, porém o excesso de jogos deste gênero obrigou-a a mudar de idéia, criando um jogo de ataque aéreo, cuja missão do jogador era marcar o maior número de pontos possíveis através da destruição de objetos inimigos, como navios, helicópteros, tanques de gasolina, jatos e pontes antes de bater ou ficar sem combustível.

 Níveis que nunca se repetem eram a grande novidade

A idéia deu certo, pois River Raid exigia além de habilidades de manobra do avião (que ficava cada vez mais difícil, pois a paisagem ia se estreitando), boa mira para atingir os alvos móveis e a preocupação constante com o combustível, que nos níveis mais difíceis, torna-se crucial com a escassez das estações de reabastecimento.

         Os gráficos são muito bons para um jogo de 8 bits feito naquele ano. O avião cria uma sensação de perspectiva quando se inclina nas curvas, os helicópteros mexem as hélices e uma boa gama de cores é utilizada nas fases. Os efeitos sonoros também são bacanas, principalmente os sons de reabastecimento, de aceleração e de explosão do avião.

Uma das melhores capas de todos os tempos.

River Raid é um dos melhores jogos para o Atari 2600. Repleto de ação e ótima jogabilidade, garante bons momentos de entretenimento!

         River Raid traz na capa grandes cuidados com a técnica e com a arte em si: a imagem em perspectiva terminando no centro da cena, faz o observador viajar, através das linhas imaginárias criadas pelos elementos presentes. Vemos um avião F-16, de origem americana, voando sobre um rio caudaloso, o qual corre no fundo de um cânion, em que ameaçadores tanques russos da classe "T" (apesar da versão Atari 2600 não mostrá-los) encimam os paredões rochosos, com seus canhões apontados para o intrépido piloto. Uma horda de helicópteros (cujos modelos não consegui identificar) surge do ponto e fuga da imagem em direção ao primeiro plano. Quebrando a linha do horizonte, temos uma ponte de arquitetura romana, sustentada por pilares e arcos voltaicos. Ela é o objetivo do Fighting Falcon estar ali! Espumas e marolas causadas pela correnteza dão a impressão de que ali não é o melhor lugar para se estar! Um céu matutino com nuvens moldadas pelo vento, intencionalmente pintado de tal forma, para aumentar mais ainda o efeito causado pela perspectiva, completa a maestria com a qual o artista concebeu a obra. Mais uma belíssima ilustração cujo nome do autor perdeu-se no limbo, devido à pouca importância que as produtoras de jogos davam aos capistas, no passado. Não consegui identificar a técnica utilizada, talvez seja óleo ou tinta acrílica.

RIVER RAID, 1982
Produzido pela Activision Inc.
Para 2 jogadores (alternando turnos).
Curiosidade: para todos os jogadores que conseguissem 15.000 pontos (comprovados com foto) a Activision enviava como brinde um brasão de piloto
!





Ficha técnica

Nome Completo:River Raid
Ano: 1982
Produtora: Activision (existe outra versão da Polyvox)
Game Designer: Carol Shaw
Estilo: Shooter vertical
Original: Atari 2600 (1982)

Notas:

Dificuldade: 
Efeitos sonoros: 
Gráficos: 
Jogabilidade: 
Música: Não tem. A música é o som do jato e os alarmes de combustível acabando ou de reabastecimento :D
 
Versões:  Atari - por: Polyvox (198?), Intelevision (1983), Atari 5200 (1983), Colecovision (1984). Há ainda versões para Atari 800 e outros computadores da empresa, mas não encontrei referências de datas. Também existem versões para outros consoles, como Intellivision e Comodore C64.

Sequências: River Raid 2 - Atari 2600 - (1989), River RaidIII – Imagic, também conhecido por River Raid Brasil, o famoso "River Raid da pipa".


         A Activision, por meio do gênio Carol Shaw, realmente pariu um filho neste jogo e até hoje River Raid é considerado um dos melhores jogos de todos os tempos. Não há ninguém que já tenha jogado um Atari que não tenha jogado River Raid e se não fez
isso faça agora enquanto você está vivo. Numa votação dos melhores jogos de todos os tempos River Raid ganharia com folga o quesito "Replay" e com certeza ganharia nota muito alta em "Diversão".


Uma outra capa para RIVER RAID, bem mais simples, mas sem fugir do contexto do jogo.

Lendas da internet dão conta de que esta capa, a qual mostra o "briefing" da missão, é de autoria do famoso R. CRUMB. O traço realmente lembra o artista, mas não consegui encontrar sua assinatura.

 Capa pintada por uma ilustradora brasileira da cidade de Guarulhos/SP, contratada na época pela CCE. Há anos que procuro informações sobre a artista junto aos arquivos da CCE, sem sucesso.Creio que a moça quis pintar um SUPER TUCANO-H.

Capa francesa para o jogo. Não consegui dados sobre o autor. Notem os depósitos de combustível em formato cilíndrico, como em ZAXXON, além dos veículos representados, diferentes da versão original. Creio que o avião do jogador aqui seja um DASSAULT, a julgar pelo desenho do canopy, mas não é possível precisar o modelo.

Outro cartaz esquisito...

Carol Shaw, com seus prêmios variados pelo excelente trabalho em River Raid.


Aqui você vê um video demonstrando as várias versões de River Raid, incluindo uma versão (que eu não conhecia) para MSX.
A versão para I-phone, rebatizada com o estranho nome "Air Fox".

A versão para o tablet Samsung Galaxy 7.0 Plus.


 A versão para ZX-Spectrum.


 A versão MSX.




A versão Coleco.

A versão SNES, jamais lançada.

Um remake exclusivo para Mac.

A versão Intellivision II, lembra da capa francesa? Aí está a razão. Outra curiosidade: Você podia sobrevoar a terra, mas com cuidado, para não colidir contra as árvores.

A versão para Comodore-64.

A versão para Atari 5200

O brasileiríssimo(?) River Raid III (River Raid Brasil), ou simplesmente, "RIVER RAID DA PIPA". A água muda de cor, ao se destruir uma pipa, no final de cada seção do rio. Seria o avião um Super Tucano?

 Novidade: River Raid para Android - Google Play.





Toscas versões para Android, I-Pad, I-Phone e outros dispositivos móveis.

River Raid F-22: as semelhanças ficam apenas no nome e no fato de ser um jogo vertical.

 

Versão 3D de River Raid F-22


 RETRO RIVER RAID, do brasileiro Cleber Mattos Casali. Baixe aqui.

Versão em flash. Jogue aqui.

         Mas qual é a magia de River Raid? De cara, River Raid não nasceu do nada. Carol Shaw se inspirou no arcade SCRAMBLE (que merece uma postagem posterior), um shooter horizontal feito pela Konami, em 1981, cujos conceitos acabariam também servindo de base para Super Cobra, Gradius e uma infinidade de jogos. 

 Scramble, o pai de River Raid

           Carol Shaw inicialmente pensou em seguir o mesmo esquema de Scramble, porém com uma orientação vertical, para poupar memória e conseguir um scroll mais suave, mantendo a mesma temática de batalha espacial. Na época muitos jogos desse tipo foram lançados nos arcades, e os executivos da Activision ordenaram que fosse escolhida outra ambientação. 

           O truque, segundo Carol Shaw, consiste no algoritmo de criação do mapa, ou seja, das fases que devem ser percorridas (ou sobrevoadas) pelo jogador. O programa, escrito em Assembly, gera partes do mapa aleatoriamente, a cada duas seções, alternadas entre verde claro e verde escuro. A seção verde claro sempre é reta, como um canal construído pela mão humana. A seção verde escuro é sempre cambiante, é nela que o código age.

           Após rabiscar muito em papel milimetrado, já que não existiam interfaces gráficas, e depois disso fazer a indexação hexadecimal (pense num martírio!), Carol decidiu desenhar apenas um lado do mapa, e espelhá-lo do outro lado da tela. Imaginou então que aquilo lhe pareciam ilhas em um rio, e a partir daí estava decidido que a batalha ocorreria em um rio.

           No entanto, o jogador ainda não colocaria suas mãos em um avião a jato, e sim, em um barco. Como o combate se desenrolaria em um rio, era natural que o jogador comandasse um barco. Mas Carol decidiu que com um barco não ficaria bom. Ela substituiu o barco por um avião, e em conversa com um colega da Activision, Dave Crane, este lhe sugeriu que utilizasse um jato.

          Carol fez maravilhas, ela realmente extraiu leite de pedra, ao conseguir socar essa obra-prima em apenas 4k de memória.

Confira uma interessante entrevista com Carol Shaw, na qual ela conta detalhes da proeza, aqui: http://www.vintagecomputing.com/index.php/archives/800

Cartucho de platina, em reconhecimento ao trabalho de Carol Shaw. River Raid havia atingido até então, a marca de um milhão de cópias vendidas.

           Na Alemanha, River Raid foi alvo de uma estranha classificação, de que era um produto nocivo à formação do caráter infanto-juvenil, sendo seu acesso proibido até o ano 2002. Os detalhes, você vê aqui: http://gamemasterlist.blogspot.com.br/2008/10/game-designers-programmers-review-carol.html

EXISTE UM FINAL?

           Há uma grande polêmica quanto aos finais dos jogos atari, principalmente RIVER RAID. Uns dizem que chegaram a um ponto em que o rio desemboca no mar e o avião vai embora, outros dizem que o avião simplesmente explode, ao se marcar um milhão de pontos, e outros ainda tiveram a cara de pau de fazer falsos videos mostrando o avião pousando numa base militar, com o piloto sendo ovacionado por seus camaradas! Incrível! Esse final, em particular, é um dos mais bonitos e convincentes, mesmo sendo falso. Segundo o desenvolvedor e professor de jogos Rafael "Shatterhand" Lima, o qual modera um dos mais conhecidos fóruns de jogos de nave da internet, o "SHMUPS.COM", não há como enfiar a sequência da aterrisagem nos míseros 4k do cartucho. O final padrão, principalmente dos jogos da Activision é a tela congelar mesmo ao se completar um milhão de pontos. Isso foi empregado em jogos como H.E.R.O., MEGAMANIA e SEAQUEST. De todo modo, confiram os finais, vale a pena, hehehehe!

Será mesmo falso? Às vezes, até mesmo eu tenho minhas dúvidas, heheh!

 Pense numa forçada de barra! Com direito a "cut scene" e tudo, hahaha!

Este é o final tido como verdadeiro

Um excelente video sobre Carol Shaw!


RIVER RAID - A BANDA


         O nome da banda surgiu em homenagem ao clássico jogo eletrônico que os músicos, como a maioria dos adolescentes da década de 80, curtiam adoidado. Hoje, os itegrantes da banda têm uma relação diferente com as palavras "River Raid": podendo-se traduzí-las como "Ataque ao Rio", elas já não são associadas exclusivamente à brincadeira e ao lazer. Estão ligadas, desde 1996, quando foi formado o grupo, a algo que eles levam muito a sério: a carreira artística.

          Eu estava esperando para publicar essa postagem no natal deste ano, mas não poderia correr o risco da profecia maia se cumprir e nós morrermos sem que você soubesse do 30º aniversário desse fabuloso jogo. Fica  aí então a nossa homenagem..

          Não esqueçam de testar o projeto "PIXEL FIGHTERS", que homenageia os jogos antigos, colocando "TUDO O QUE CAROL SHAW NÃO PÔDE COLOCAR EM RIVER RAID!".

www.samysofigames.esy.es/pixelfighters/pixel.html


4 comentários:

  1. Muito boa a matéria, Tião. Parabéns pela pesquisa, aprendi muita coisa com ela, o que mais me fascinou foi a capa desenhada pelo Robert Crumb. As ilhas parecem bucetinhas.

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  2. A tal capa do Crumb é apenas especulação, pois não está assinada enão consegui confirmar a autoria. A história de que a capa é do Crumb surgiu numa conversa entre ilustradores. O resto é "vero".

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  3. Fantásticos texto e imagens!
    Que pena que a versão para SNES foi vetada. Puta falta de sacanagem desse pessoal, fala sério...

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  4. Parabéns pelo artigo, Tião! Joguei muito River Raid e os outros jogos do Atari, inclusive, joguei os video games pré-históricos:TELEJOGO, E O ODISSEY! Ser criança nos anos 80 era mais divertido! (Sou de 1978)

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